O Casamento Vermelho

Para os bons conhecedores de “As Crônicas de Gelo e Fogo” esse evento é um acontecimento supremo. Não importa se você sofre pelos Stark, comemora pelos Lannister ou se diverte pelos Frey. Já comunico logo de início que se você é uma criança do verão, a Velha-Ama não recomenda continuar a leitura do post. 

Só leia se:

1-      Você já concluiu “A Tormenta de Espadas” (Livro 3).

2-      Você não liga para spoilers .

3-      Você já foi vítima DESSE spoiler.

Tudo esclarecido quanto ao grau 10 de alerta, quero deixar claro que desejo fazer um comentário geral sobre o capítulo mais angustiante da saga (ou um dos) e sobre a genialidade do Martin (esse velhinho gordinho e cruel).

Histórico

Ned Stark está preso na Fortaleza Vermelha por ordens da rainha Cersei (acusado de traíção). Robb Stark, filho mais velho de Ned resolve convocar os vassalos e partir para a guerra contra os Lannister. Vence algumas batalhas. Ned é morto. Robb quer vingança e a guerra é declarada de fato. Agora Robb é senhor no lugar de seu pai e, não se sabe como, acaba sendo proclamado Rei no Norte (The King in the North). A guerra continua agora movida pela vingança do Norte e o desejo de Robb recuperar suas irmãs (Sansa e Arya que estão mantidas reféns na Fortaleza).

No meio do caminho tinha um Frey. Tinha um Frey no meio do caminho ...

Para continuar marchando para o Sul, Robb e suas tropas precisavam atravessar o Tridente. Quem comandava a Travessia era a Casa Frey (vassala dos Tully). Catelyn resolve negociar com o Lord Walder. Após algumas palavras de afronta, ela não estava em condições de fazer exigências, concordou com os termos. Vamos ao mais importante para o post: Robb poderia atravessar com sua tropa, desde que se casasse com uma das ( muitas)  filhas do Frey. Se Robb não concordasse com os termos a sua tropa ficaria vulnerável a Tywin Lannister. O Stark aceita os termos e divide seu exército. Uns seguem pela Estrada do Rei para distrair Tywin enquanto sua cavalaria atravessa o Tridente e surpreende o inimigo.

Então você pensa: “Uau! Esse Robb Stark era um moleque e amadureceu rápido, entrou no jogo, tem boas estratégias, vai vingar seu pai, recuperar suas irmãs e honrar o Norte” ... aí você acorda!

Então, na batalha do Despenhadeiro o exército de Robb tomou o castelo dos Westerling. Robb foi ferido na batalha e nesse mesmo espaço de tempo fica sabendo do acontecido em Winterfell (Bran, Rickon, Theon).  Em um momento “tão triste” Robb vai se “consolar” nos braços de Jeyne Westerling ( e todos sabem o que acontece). Após o ocorrido Robb se casa com Jeyne, quebrando, assim, a promessa que havia feito. O exército Frey o abandona.

O Casamento

É sabido que Robb Stark foi muito bobinho por quebrar sua promessa, ignorar seu lobo, entre outros erros que ele comete. Eu, particularmente, tinha uma admiração pela maturidade do personagem, no início da saga literária com 14 anos, que assume as responsabilidades de se tornar um grande senhor. Só que George R. R. Martin não está aí para deixar seus personagens favoritos vivos e felizes. Ele veio para matar e destruir a felicidade das doces crianças do verão. Ficava impressionada e revoltada a cada burrice feita pelo “Jovem Lobo”. “A Tormenta de Espadas” foi o (um dos) livros mais angustiantes que eu li. Você prevê uma tragédia se aproximando, mas não sabe de onde ela vem.

Pois bem, Robb tenta  recuperar o Norte perdido, mas precisa aumentar seu exército. Recebe “notícias” de que Lord Walder Frey estaria disposto a aceitar seu pedido de desculpa. O acordo se baseava no casamento de Edmure Tully (irmão de Catelyn e senhor de Correrrio. Robb parte com sua tropa para as Gêmeas, junto com os Bolton (Maldito Roose).

Que festa linda e grandiosa! Que ato de amor! Como Lorde Frey mostrou-se um homem de bom coração e liberou o perdão ... Todos se abraçaram, comeram juntos e foram felizes para sempre. SÓ QUE NÃO! Corre, gente! ERA UMA CILADA!

Quando Edmure sai com sua noiva para consumar o casamento, os Frey e Bolton atacam os convidados. Martin é muito genial! Quando os nortenhos entraram nas Gêmeas e se alimentaram, meus “temores” diminuíram, pois estavam protegidos pela Lei do Hóspede, né? Nada, Frey não tem honra e nem lealdade, não respeitam as antigas leis (Malditos).

“Catelyn mexeu-se desconfortavelmente na sela.

- se nos forem oferecidos refrescos na chegada, não recuse sob nenhum pretexto. Aceite o que for oferecido, e coma e beba onde todos possam ver. Se nada for oferecido, peça pão, queijo e uma taça de vinho.

- Estou mais molhado do que faminto ...

- Robb, escute-me. Depois de comer o seu pão e sal, tem os direitos do hóspede, e as leis da hospitalidade protegem-no sobre o telhado dele.

Robb pareceu mais divertido do que assustado.

- tenho um exército para me proteger, mãe, não preciso confiar em pão e sal. Mas se Lorde Walder desejar me servir corvo guisado recheado de larvas, vou comê-lo e pedirei uma segunda porção.”

Não bobinho, guisado de corvo recheado com larvas era muito melhor do que o que te aguardava.

A descrição do capítulo toda é envolvente. Você sabe o que vai acontecer, sabe que vem coisa feia por aí.  

“Os tambores retumbavam, retumbavam, retumbavam, e a cabeça de Catelyn retumbava com eles. As gaitas gemiam e as flautas soltavam trinados na galeria dos músicos na extremidade do salão; rabecas guinchavam, trombetas soavam, as gaitas de foles gritavam uma melodia animada, mas era a batida dos tambores que dominava tudo. Os sons ecoavam nas vigas, enquanto os convidados comiam, bebiam e gritavam uns para os outros, logo abaixo. (...)”

A matança estava planejada! Só a Catelyn se sentindo desconfiada de tudo aquilo ( a Cat e o Vento Cinzento, porque o lobo foi IGNORADO por Robb. Custava dar atenção?). Estava óbvio que os Frey não iriam simplesmente perdoar a ofensa que a sua Casa sofreu.

A aliança proposta por Tywin Lannister os encorajou a concretizar o massacre. Uma combinação Frey-Lannister-Bolton.

Conclusões:

O Casamento Vermelho ( Red Wedding) ou RW para os mais íntimos tinha que acontecer, é sabido. Como disse o Martin em uma entrevista, foi para o bem da trama.

Robb foi muito “ingênuo” por ter acreditado que tudo seria resolvido de uma forma tão simples. Ele já tinha visto bastante da guerra para saber que os tempos de verão já estavam longe. Mas George Martin é sábio e se ele fez dessa forma é porque sabe das coisas. (E se não fosse assim não teríamos esse capítulo “vermelho”, o melhor capítulo). Vamos nos lembrar de Robb Stark assim: Venceu todas as batalhas, mas perdeu a guerra por amor.

“Robb lançou a Edwyn um olhar furioso e foi bloquear seu caminho... e cambaleou subitamente quando um dardo brotou de seu flanco, logo abaixo do ombro. Se nesse momento gritou, o som foi engolido pelas flautas, tropas e rabecas(...) Tinha uma flecha espetada no flanco, uma segunda na perna, uma terceira no peito. (...) Um homem com uma armadura escura e um manto rosa-claro manchado de sangue aproximou-se de Robb.

- Jaime Lannister manda cumprimentos. – Ele espetou a espada no coração do filho de Catelyn e girou.”

 Um minuto de silêncio, por favor.

A morte do Stark era pouco para os Frey, porque como se não bastasse a carnificina da noite, abateram Vento Cinzento (que não estava no salão na hora do massacre), arrancaram a cabeça e costuraram no corpo de Robb – uma espécie de humor negro com “O Jovem Lobo”. (MORRA FREY DO INFERNO)!

O que me deixa mais comovida é a descrição dos sentimentos de Catelyn Stark. Após ter passado pela execução do marido, a suposta morte de Bran e Rickon, Arya e Sansa reféns (vivas ou não) dos Lannister, presencia o assassinato do filho que lhe restara: seu primogênito.

“Dói tanto, pensou. Os nossos filhos, Ned, todos os nossos queridos bebês. Rickon, Bran, Arya, Sansa, Robb...Robb...por favor, Ned, por favor, faça com que pare, faça com que pare de doer...(...)”

Martin fez esse capítulo se tornar uma das coisas mais grandiosas e sinistras que já li dentro das sagas fantásticas.

Dizem os rumores que, até, o mau velhinho precisou de um pouco de “ar” para concluir o RW. Se é verdade e se ele tem um coração só os deuses sabem.

Resta aguardar e torcer muito para que a adaptação para a série de tv seja fiel ao que nos é apresentado no livro. O momento é marcante e merece muito ser honrado no seriado. RW is coming!

Não posso encerrar meu comentário sobre o Casamento Vermelho sem esse fragmento:

“(...) Quase sem um momento de pausa, começaram a tocar um tipo muito diferente de canção. Ninguém cantou a letra, mas Catelyn reconhecia “As chuvas de Castamere” quando a ouvia. (...)”

Preciso nem comentar da letra dessa canção e da sombria melodia, né?

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