“Toda
dança tem seu fim” - já diz a frase clichê – e com o quinto livro da saga “As
Crônicas de Gelo e Fogo” não seria diferente.
A falta que a história vai fazer será maior, porque George Martin já
anunciou que não teremos um novo livro tão cedo. Sempre que termino uma leitura
gosto de escrever sobre as impressões que a trama deixou; a diferença é que,
por ser ASOIAF, eu, talvez, me estenda um pouco (ou não).
Já
vou logo avisando que são impressões (portanto, são pessoais) e, por isso, não
vou pedir desculpas se o texto exalar parcialidade (mas... farei meu melhor). Preciso
nem avisar que se você não leu os outros livros e não gosta de spoiler deve
passar longe daqui: vou falar abertamente de todos os acontecimentos que eu
gostei.
O
livro traz coisas interessantes, começando pelo prólogo: Toda essa história de wargs tem me interessado cada vez mais.
Eu considerava o prólogo do “Tormenta de Espadas” o melhor até agora, com
aqueles três sopros e Caminhantes atacando os patrulheiros, mas conhecer Varamyr
Seis-Peles, suas práticas, o modo que era visto pelas pessoas (abominação) e,
principalmente, saber sobre os mistérios
de ser um warg, sem dúvidas, colocou
esse capítulo no topo dos prólogos da série, na minha opinião.
“Você
morrerá uma dúzia de mortes, rapaz, e cada uma delas doerá... mas quando sua
morte verdadeira chegar, você viverá de novo. A segunda vida é mais simples e
mais doce, dizem.”
Passando
pelo prólogo temos de volta personagens que não deram as caras no Festim, e
isso já é um ponto positivo para o Dança: Jon, Bran, Daenerys e Tyrion.
Já
li muita gente dizendo que esse foi o livro da Dany e, de certa forma, podemos
dizer que sim. Afinal, tinha personagem de todos os lugares tentando encontrá-la.
Alguns chegaram tarde demais, outros não
chegaram ainda.
Não
sou muito fã dessa trama que se passa fora de Westeros, sou “westerocentrista”
assumida (pegando o termo emprestado). Nada contra a Dany, mas não vejo a hora
dela chegar com seus dragões e fazer história nos Sete Reinos.
O
ponto alto do livro nessa trama foi a evolução dos dragões. Achei muito
interessante o modo selvagem como eles crescem.
Aprisioná-los não foi uma boa opção.
O
que dizer do capítulo da Arena? Sensasional! Daenerys domando Drogon com o chicote
foi o ápice do capítulo. Não, erro meu, o ápice do capítulo foi Dany voando no
dragão!
“Não – gritou, agitando o chicote com
toda força que tinha. (...) Não – ela
gritou novamente – NÃO! (...) Drogon se
ergueu, suas asas cobrindo-a com sombras. Dany bateu com o chicote na barriga
dele, uma vez após outra, até que seu braço começou a doer. (...) Cuspiu fogo
sobre ela. Dany correu embaixo das chamas, agitando o chicote e gritando – Não, não, não. Para BAIXO! (...)
Também
conhecemos Meereen pelos “olhos” de Tyrion, Barristan Selmy e Quentyn Martell.
Tyrion,
andou, andou e andou mais. Ele sempre vai ser um dos melhores personagens,
apesar de seus capítulos no Dança terem sido um pouco cansativos. Mais pro
final comecei a me interessar por ele
novamente. Sem contar que, é, em um dos pontos de vista dele, que descobrimos
uma das grandes surpresas do Martin – Aegon!
Bran
e Arya são meus queridinhos – crianças que estão se mostrando corajosas e
encarando o destino que lhes aguarda. Arya sendo treinada para ser uma
sem-face. Muito legal o capítulo da troca de rosto. Ela é a única personagem
que não me desanima de ler mesmo estando fora de Westeros (rara exceção). Bran
e seus capítulos foram umas das melhores coisas que li no Dança. Descobrimos
que, não, ele não vai voltar a andar...
“Estou
aqui – disse Bran -, só que estou quebrado.
Você... você vai me consertar... minhas pernas, quero dizer? (...) Os
olhos de Bran se encheram de lágrimas. Viemos de tão longe. (...) Você nunca andará
novamente, Bran – os pálidos lábios prometeram -, mas você voará.”
Poderes
antigos, muito antigos, dos filhos da floresta... claro que Bran tem tudo pra
ser um poderosão, mas eu achei o destino dele triste: Ficar ali, preso na
caverna, virando uma planta ao longo do tempo... e ele é só uma criança (isso
se ele ficar preso ali, sei de nada, até que a saga termine tudo pode
acontecer).
Aliás,
fica aquela dúvida, né... se é o Bran falando no Bosque Sagrado, no pássaro do Mormont... só o tempo dirá.
A guerra do Norte
Com
certeza a parte que mais me empolgou no livro foi o Norte. Não apenas pelo lema
“O Norte se lembra”, mas por tudo que esse lema envolve.
Após
o Casamento Vermelho e suas consequências temos os Bolton como protetores do
Norte e o casamento do bastardo de Roose Bolton com “Arya Stark” garantirá a
lealdade dos nortenhos e Winterfell aos tais.
Meu
desprezo por Roose já vem do “Tormenta”, mas no Dança eu pude conhecer coisa
pior: o filho bastardo dele, Ramsay.
O
que é Ramsay Bolton? Um dos melhores personagens apresentados na saga, mas, psicologicamente, o mais sinistro. Somente
nessas circunstâncias para eu me compadecer de Theon Greyjoy (por muito tempo
foi um dos mais desprezíveis na minha visão). Theon Vira-Casaca não é um dos
meus prediletos, mas aplaudir o que Ramsay fez seria desumano. Melhor a morte. Theon se transformou numa coisa, um coitado, uma espécie de Gollum (sim, sempre
visualizava o Sméagol quando começava os capítulos de Fedor).
“Fedor.
Meu nome é Fedor, rima com temor. Ele tinha que se lembrar disso. Sirva,
obedeça e lembre-se de quem você é, e nenhum outro mal acontecerá. Ele prometeu,
sua senhoria prometeu."
Teve
a fuga de Winterfell com a Jeyne, momento desespero... Eu lia aquilo torcendo
para eles não serem pegos. Ninguém merece cair nas mãos de Ramsay, só alguns,
talvez. Hmm...
Mas
parece que deu certo. Ao menos das mãos de Ramsay eles escaparam (por hora) e
caíram nas mãos de Stannis.
Sim,
Stannis... esse foi um personagem que cresceu na minha visão desde que atendeu
o chamado da Muralha. Okay, foi por interesse dele? Foi. Mas de todos que se
proclamaram rei, foi o único que se dirigiu ao problema que ninguém considerou
importante ( e sabemos o que vem caminhando com o inverno). Stannis chegou
à Muralha no momento mais oportuno.
Ficou
um tempo, estudou a situação e partiu para o Sul. Conseguiu nortenhos
que compartilharam sua causa e partiram para o confronto com os Bolton. Eis um
dos maiores mistérios do livro:
o resultado da batalha.
Davos
– fidelidade- Seaworth, esse deveria ser o nome do Mão de Stannis, porque quase
encarou a morte nos domínios de Manderly (tudo pela causa de seu rei).
Eu, como qualquer criança de verão, achei que
estava tudo perdido. Quando ele chega para conversar, propõe o que Stannis
deseja e Manderly rejeita... eu pensei “Já era. Tem mais jeito não. Pobre Davos”.
E ainda tinha Frey no lugar, para piorar a situação. Dando pitacos e mudando um
“pouquinho” o que sabemos que foi o Casamento Vermelho. O que me deixava mais
angustiada era ver o Manderly concordando com os Frey – ABSURDO!
Mas, ainda bem que o Martin tinha aquela
surpresa... Manderly estava jogando com os Frey e com os Bolton, revela todo
seu plano para Davos e, assim, mantive minha esperança de verão quanto aos Stark
continuarem com Winterfell... Foi lindo ler todo aquele discurso sobre o Norte
se lembrar.
“Inimigos e falsos amigos estão ao meu redor,
Lorde Davos. Infestaram minha cidade como baratas (...) Meu filho Wendel foi
para as Gêmeas como convidado. Comeu o pão e o sal de Lorde Walder e pendurou
sua espada na parede para banquetear com amigos. E eles o assassinaram. Assassinaram, eu digo, e que os Frey se
engasguem com suas fábulas (...) O Norte se lembra, Lorde Davos. O Norte se
lembra, e a farsa está quase no fim (...)”
Emocionante!
E ainda temos esperanças de o pequeno Rickon
aparecer. Teorias não faltam, mas espero que o moleque volte com sangue nos
olhos. Ele e Felpudo canibalizando geral.
Na
Muralha
Todo paradigma relacionado à Patrulha da Noite
foi quebrado. Nada será o mesmo. O Lorde Comandante, Jon Snow, tomou decisões arriscadas, algumas consideradas
imprudentes por muitos, mas que não devem ser de todo inúteis.
Impedir que os selvagens atravessassem a
Muralha pode ter sido por muito tempo a principal função da Patrulha, então
quando Jon permitiu que isso acontecesse, muita gente se desagradou.
Achei muito interessante, afinal no famoso
juramento da Patrulha diz “Sou
a espada na escuridão. Sou o vigilante nas muralhas. Sou o fogo que arde contra
o frio, a luz que traz consigo a alvorada, a trombeta que acorda os que dormem,
o escudo que defende os reinos dos
homens (...)” Sim, os reinos dos homens. E pobre selvagens, são “homens” como
todos os outros da saga. Não mereciam ficar sob a ameaça dos Caminhantes. Além
do mais, quanto mais selvagens morressem do lado de lá da Muralha, seria um
número maior de criaturas mortas para atacarem a Patrulha. Então, apesar de
toda consequência, foi uma boa decisão deixá-los passar.
Ultimamente
tenho me afeiçoado mais aos selvagens que alguns irmãos juramentados. Francamente,
conhecendo Thormund, Val e outros, com menos destaque, que nos são apresentados,
dá pra gostar mais deles que de certos homens “civilizados” que conhecemos em
asoiaf - Traz o Thormund para o lado de cá e leve Os Frey para lá da Muralha.
Aquela
conversa entre Jon e Ygritte, lá no “Tormenta” transmite a mesma linha de
pensamento que eu adquiri ao ler o Dança: Construíram a Muralha e disseram que
o que estava do lado de lá era selvagem e inimigo.
Concordo
que eles deram muito trabalho à Patrulha ao longo do tempo, mas por que não
trabalharem em conjunto contra o real inimigo? Os Outros.
Muitos
preocupados com o Trono, com poder e nem percebem que a verdadeira ameaça está vindo com o
inverno. E nos próximos livros as criaturas estão chegando (em barcos?). Acho é ótimo!
A Carta Bastarda: Que carta foi aquela?
“Seu
falso rei está morto, bastardo. Ele e toda sua tropa foram esmagados em sete
dias de batalha. Estou com a espada mágica dele. (...) os amigos do seu falso
rei estão mortos. Suas cabeças estão sobre as muralhas de Winterfell. Venha vê-las,
bastardo. Seu falso rei morreu e o mesmo acontecerá com você. (...) Terei minha
noiva de volta. Se quer Mance Rayder de volta venha buscá-lo. Eu o tenho em uma
jaula, para que todo o Norte possa ver, a prova de suas mentiras. (...) Quero
minha noiva de volta. Quero a rainha do falso rei. Quero a filha deles e a
bruxa vermelha. Quero sua princesa selvagem. Quero seu pequeno príncipe, o bebê
selvagem. Quero meu Fedor. Mande-os para mim, bastardo, e não incomodarei você
e seus corvos negros. Fique com eles, e eu arrancarei seu coração bastardo e o
comerei.”
Muito legal, né?! Muita gente criando teorias se a carta é verdadeira ou falsa... Jon acreditou, né? Muitos detalhes... ele supôs que Ramsay realmente estava dizendo a verdade. Jon decide
se dirigir para o Sul, enfrentar Ramsay... Queria ver um "confronto de Snow" (Ramsay pode ter sido legitimado, só que ele sempre vai ser um bastardo - ele sabe disso), mas não foi assim que as coisas aconteceram... Eu estava esperando o tal confronto, o discurso foi tão empolgante. Fiquei frustrada de não ter acontecido. Os irmãos da Patrulha já estavam sem paciência
com tudo que Jon Snow estava modificando na Muralha e ... pronto:
“Pela
Patrulha. - acertou Jon na barriga. Quando tirou a mão, a adaga ficou onde ele
a havia enterrado. Jon caiu de joelhos. Pegou a adaga pelo cabo e a arrancou. No
ar frio da noite, a ferida soltava fumaças. – Fantasma – sussurrou. A dor tomou
conta dele. (...) quando a terceira adaga o atingiu entre as omoplatas, ele deu
um grunhido e caiu com o rosto na neve. Nunca sentiu a quarta faca. Apenas o
frio...”
Nada
de confronto de Snow. Não sabemos se Jon morreu ou se ele “morreu”,
mas teorias não faltam. Tem a visão da Melisandre: “um
homem, um lobo, um homem novamente”... Se for por aí, Jon, provavelmente wargou em Fantasma. Ou então, Martinho matou ele mesmo. Cadê "Os Ventos do Inverno" pra gente saber o que aconteceu?
É
hora de procurar novas sagas, novas ocupações, porque a espera pelo próximo
livro vai ser intensa. Vai ser a Longa Noite!
Então, diz
aí, o que foi o melhor do livro? O que foi o pior?
A frase do Manderly foi demais especialmente a parte: "O Norte se lembra, Lorde Davos. O Norte se lembra, e a farsa está quase no fim".
ResponderExcluirEstou doido para a vingança dos Starks começar.
O livro foi muito bom, considero o 2º melhor da saga. Só não é melhor que o Tormenta pq ele é um livro "incompleto" e com mais ganchos que acontecimentos. Porém, Festim + Dança prepararam o terreno muito bem, e o 6º livro tem tudo para superar de longe o Tormenta de Espadas.
ResponderExcluirQuanto a carta, acredito que Ramsay descobriu a verdade através da tortura com o Mance e suas Esposas, que foram descobertas após a fuga de Theon & Jeyne.
Melhor trama do livro é sem dúvida a guerra entre Bolton e Stannis no norte, com as intervenções de Jon / Theon / Mance / Manderly, etc.
Outra coisa que gostei muito foi a participação do Banco de Bravos, que, assim como a Igreja, provavelmente será uma força decisiva na guerra mundial que ocorrerá no 6º livro.
Ah, e esqueci do principal...
ResponderExcluirExcelente matéria, parabens! ^^
Exelente matéria.
ResponderExcluirNa minha opinião, a carta de Ramsay/Revolta do Jon foi o melhor do livro.
Excelente Cris, adorei seu ponto de vista!
ResponderExcluirIncrivel, eu jamais resumiria o livro tão bem, mas voltando ao assunto, o resultado da luta stannis vs snow com certeza abre muitas possibilidades pro futuro do norte. Desde de uma possivel sobrevivencia ao inverno á uma devastação dos outros.
ResponderExcluirVocê tem uma ótima escrita. Suas ideias ficaram bem claras, divididas e organizadas. Parabéns. Realmente um ótimo resumo do livro, deu uma saudade boa de voltar àquelas páginas.
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